Um Olhar Sobre Nós

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Em busca de sentido — Herança, travessia e reencontro (O que serviu pra mim)

*** Nota: Esse é um breve relato de como eu me curei no caminho e me reencontrei. Não é nenhuma recomendação que possa substituir ou suficiente para ignorar sintomas médicos e ou suas instruções.

Importante: Não leia se tiver qualquer gatilho ou propensão á tristeza e estado crítico ao se deparar com assuntos como depressão, crise existencial e etc.

1.3 Herança (material e imaterial)

Quem sou eu e como eu deveria viver?

Essa herança não se escolhe, nem vem com manual de instruções do que fazer com isso. Assim que nascemos e temos consciência de onde estamos, do ambiente (e seus integrantes: familiares, locais e seus “ídolos” máximos) e daquilo que temos em mãos para existir, surge a primeira pergunta legítima: quem sou eu e como eu deveria viver?

“Cinco minutos depois de você nascer, seu nome, nacionalidade, religião e seita serão decididos, e você passará o resto da vida defendendo desesperadamente coisas que não escolheu” (Frase atribuída a Schopenhauer).

Em resumo, entre idas e vindas da infância á juventude, essa pergunta ecoou do meu inconsciente, inicialmente, numa mera angústia ou melancolia na adolescência, até explodir no inicio da fase adulta em depressão , crise existencial que se intensificou com crises de ansiedade.

Sintomas:

Tive falta de ar, palpitações, fiquei uns 2 dias de cama. Quase reprovei o 3o colegial por falta, ia deixar de trabalhar. Ia parar com tudo. Não porque eu quisesse realmente, mas porque tudo parecia escorrer pelas mãos. Em resumo, eu nunca tive vontade de deixar de viver, pelo contrário. Tudo isso me ocorreu justamente por que eu tinha muitas perguntas e poucas ou nenhuma resposta para sustentar, “dar sentido” á vida que eu sempre vivi, ao meu modo, de um jeito ou de outro.

2.3 Travessia

Atravessando o pesadelo de pergunta em pergunta

Desde muito cedo, eu já fazia perguntas profundas e centrais (falo isso sem qualquer soberba) porque é simplesmente um fato. Perguntei uma vez á minha tia Edileuza, missionária evangélica (menção honrosa) quando eu era criança: “Nós somos brinquedos que Deus controla como em vídeo game?”

A minha amada avó Maria, deitados na rede, também ainda quando criança, sem jeito: “A senhora vai morrer um dia, né?”

Claro que hoje, posso rir disso, mas não sem perceber que minhas dúvidas e suspeitas eram um tanto quanto urgentes pra mim. Mas só levei isso a sério, o ato de perguntar, mas dessa vez, buscando respostas concretas, quando comecei a ler, investigar, exaustivamente, sobre a origem do que sustentou a moral, valores e estilo de vida da minha família: o Cristianismo.

Cavando e cavando, fui ampliando meu horizonte, que até então se resumia ao salão da igreja e a bíblia. Não obtive respostas satisfatórias o suficiente. E claro, não foi um processo linear. Eu comecei, parei, voltei, e assim por anos á fio. Mas nesse trajeto, cheguei a um autor que mudou tudo: Olavo de Carvalho. Esse por sua vez, o qual nutro inestimável admiração e gratidão (que desenvolverei em outra ocasião) me apareceu não como a substituição de Deus na terra, mas como alguns chamariam de “anjo” ou “profeta” das respostas que me faltavam. Foi por sua culpa que li Crime e Castigo, depois obra que dá nome ao título do texto: Em busca de sentido (que obviamente recomendo as duas leituras) e isso foi um despertar sem retorno. Perguntar, sem culpa, medo e nenhuma hesitação foi, é e sempre será a forma, a ponte a qual atravessarei até o fim da vida rumo a mim mesmo e também, com mais graça, misericórdia do que sorte ou qualquer merecimento ao que alguns chamariam de eterno.

3.3 Reencontro

A vida como eterno ciclo e o espelho do essencial e também da responsabilidade

Ainda bem que eu escrevi bastante antes de vocês lerem esse texto, porque se não, ele seria umas 5x mais longo e umas 10x pior.

Como viram, eu sempre fui de um espirito inquieto, curioso e pragmático desde muito cedo e isso não é culpa de ninguém. Nem do ambiente, de todos os seus integrantes. Deus, o universo, a natureza, seja lá como alguém queira nomear, me fez assim.

Mas vejam, eu sempre fui muito alegre, vivo e até de modo bobo, eufórico. Tudo foi feito tão perfeitamente que a minha terapia esteve sempre debaixo do meu nariz: conversar com quem também tem dúvidas urgentes. Não porque sem perguntar ou ter essas respostas, eu não consiga viver ou ser feliz, mas sim porque é dessa forma que mais esqueço do tempo e dos problemas e tenho ânimo de continuar cavando com propósito, ajudando outras pessoas a cavarem também, a sua maneira.

Julien Blanc, autor controverso, é verdade, disse em uma palestra manifesto “Quando crianças, precisamos de muito menos para sermos felizes e completos. Só precisamos dispensar todas essas coisas que a vida em sociedade acrescenta e nos obriga a carregar como fardos e camadas para tampar o que realmente nos realiza.”

O que serviu pra mim, foi continuar perguntando como quando criança e agora na vida adulta, fazer algo de útil com as respostas e também com a falta delas.

Viktor Frankl, psiquiatra austríaco autor da obra do título que sobreviveu ao campo de extermínio disse: “Se você não tem um por quê para viver, na verdade já descobriu o seu, vá procurar!”

Em resumo, essa palestra é o que considero até agora mais próximo da melhor definição de sentido da vida que já vi: https://www.youtube.com/watch?v=6zBPgSRvrBI

Se você chegou até aqui, cá está a vida, Deus, o universo, a natureza, ou seja lá o que você acredite, está te perguntando: até quando você fugirá de quem realmente é?

E eu pergunto agora, como aquela criança perguntaria a você que está lendo: “Você vai achar o seu por quê, não vai?”

Uma resposta

  1. Avatar de Bruno César
    Bruno César

    belissimo texto

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