A educação no país sempre foi vista como forma de ascensão socioeconômica. Ninguém, ou quase ninguém, estuda para conhecer e desenvolver a si próprio, os outros e o mundo, mas sim para fugir da precariedade e da insalubridade da vida marginalizada de quase toda a população sem diploma, sem instrução.
Talvez não seja a raiz, mas a causa maior desse buraco histórico seja a falta de referência. Isto é, quando a única referência do sujeito do interior é o vizinho endinheirado que foi pra capital e ostenta conquistas materiais e uma vida “atraente”, é difícil imaginar que o mesmo vá seguir um caminho diferente.
É tão incomum esse apreço pelo saber que o sujeito não consegue sequer um livro de interesse emprestado, já que ninguém nunca ouviu falar desses autores ou assuntos.
Tratando-se do interior, a precariedade com que as administrações públicas “cuidam” de suas bibliotecas é alarmante: alguns municípios as largam ao léu, sem qualquer investimento; outros simplesmente as fecham. É uma declaração pública de que as chances de surgir um pensador de alto nível são quase nulas — a depender do estado.
Enquanto a grande mídia continua com o teatro de debate público sobre questões “abertas” e centrais, como política, ética e comportamento, a realidade é totalmente oposta. Até mesmo os jornalistas com as melhores intenções cometem o erro crasso de não notar que a questão fundamental do Brasil é anterior a esses debates inúteis, pois é uma questão formativa. É muito mais urgente formar pensadores sérios do que opiniões apressadas em debates sem qualquer efeito duradouro.

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